quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Martírio, em mais de um sentido


Fui tentar ver Naomi Watts de perto da première mundial de THE IMPOSSIBLE (Espanha, 2012) e acabei ganhando um ingresso para a sessão no pomposo Princess of Wales Theater. Vi Naomi três vez (na entrada, na paresentação do filme e na saída), além de Ewan McGregor e Gael Garcia Bernal. "Star gazing" a parte, o novo filme de Juan Antonio Bayona (O Orfanato) agradou bastante ao público do TIFF (surpresa?). Pra mim, ficou no meio do caminho. Bayona é um diretor de cinema de horror e suspense com algum talento, mas a história do trágico tsunami que destriu a costa tailandesa em 2004 matando milhares foi uma escolha um tanto insensitiva, eu diria. Ou ao menos a maneira com que ele lida com o material parece imprópria depois de certo tempo. Em seu núcleo, THE IMPOSSIPLE é drama familiar de sobrevivência. Não tem muita profundidade e só não vira hit na Sessão da Tarde pelo altíssimo grau de violência física. Passada a insípida introdução de personagens, uma família inglesa de férias, Bayona brilha no que sabe fazer melhor: nos causar terror. Mesmo sem nos importarmos o suficiente com os personagens - sentimos tanto por eles quanto pelos coadjuvantes e figurantes -, a cena da tragédia é apavorante. É muito importante assistir com um bom equipamento de som. Faz algum tempo que o oceano não se tornava algo tão amendrontador. É aí que começa o martírio da família inglesa, especialmente Naomi Watts, que não tem muito o que fazer a não ser sofrer, e muito. Ela o faz muito bem, mas ela já fez muito antes e em filmes melhores. Ewan McGregor convence como pai de família, mas também está preso ao melodrama de Bayona. Frustra o incrível elenco (Tom Holland, que faz o filho mais velho, Lucas, é muito bom), efeitos especiais de ponta e a história com tanto potencial ser desperdiçada num filme que apenas em raríssimas ocasiões tem alguma profundidade. Enquanto não é uma novela com fotografia incrível, THE IMPOSSIBLE se divide em momentos horror, alguns genuínos, outros forçados e sem o menor tato. Bayona manipula emoções sem culpa, reduzindo a tragédia de muitos à lágrimas baratas e um final feliz que particularmente me ofendeu, mesmo entendendo que se trata de uma história real (o filme deixa isso bem claro no início, o que já anuncia o problema). Aliás, a família que sobreviveu ao tsunami é espanhola e estava na sessão. O único momento de emoção verdadeira foram os abraços trocados entre eles e o elenco (Watts e a verdadeira Maria passaram um bom tempo abraçadas), e mesmo considerando que a presença deles tem um ou mais dedos da equipe de promoção do filme, eles me pareceram honestamente comovidos. Pena que o filme seja incapaz de fazer o mesmo conosco. THE IMPOSSIBLE estreia no Brasil em dezembro.

THE IMPOSSIBLE
Cotação: FRACO
Visto em 09/10 no Princess of Wales
Por Filipe Marcena

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito pretencioso comentários com o esses que não se preocupa ao menos em relatar os aspectos positivos e negativos do filme. Simplesmente criticam e manipulam a visão do espectador com idéias decadentes. É lastimante.

Fernando Vasconcelos disse...

PretenSioso se escreve com S e lastimante não existe, é lastimável. Abs