quinta-feira, 17 de maio de 2018

O Processo em imagens de cinema


Chegando aos cinemas (poucos cinemas, aqui no Recife somente no São Luiz e UCI Recife, com apenas uma sessão diária) hoje o aguardado documentário O PROCESSO (Brasil, 2018, 2h17min) sobre o recente impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O filme já nasce como documento histórico mais importante do audiovisual brasileiro em 2018. A diretora Maria Augusta Ramos (dos ótimos Juízo e Justiça) acompanhou em Brasília com a sua equipe todo o desenrolar do teatro kafkaniano (daí o título) da Justiça, de abril a agosto de 2016, rendendo mais de 400 horas de material filmado. Com linguagem e estética de cinema, o que chega às telas tem pouco material de outros registros, como a TV Senado por exemplo, e observa a uma certa distância, com muitos silêncios, sem nenhuma entrevista ou emissão de opinião, informando a cronologia apenas com curtas cartelas informativas, além de preferir a desdramatização, com poucas cenas do calor da população sob influência da mídia e dividida em protestos.

Curioso observar que, num universo esmagadoramente masculino, Maria Augusta Ramos deu protagonismo às mulheres, com Gleisi Hoffmann e Janaína Paschoal como principais "atrizes". O PROCESSO toma o lado da defensoria de Dilma trabalhando contra um jogo de cartaz marcadas, mas evitando ser facilmente classificado como tendencioso. Não há nada de muito novo como informação, quase tudo que o filme mostra é do conhecimento de quem acompanhou a História muito recente do Brasil. O que temos é um documentário sólido, sem manipulações narrativas, com mais de duas horas de duração, o que é um tanto maçante, mostrando fatos. Naturalmente o público será formado pelos "esquerdistas" e os "direitistas" evitarão e falarão que é propaganda de Lula, financiado pelo PT. Bem, o filme foi financiado por levantamento coletivo, o crowdfunding, e recebeu um fundo estrangeiro para montagem e finalização. Se fosse propaganda petista, se chamaria O Golpe, e não O Processo.

Cotação: BOM
Visto no Cinema São Luiz
por Fernando Vasconcelos