quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Jogo de cena política à francesa


Esse filme francês me chamou atenção por ter sido exibido no Festival de Cannes na competição oficial, onde foi aplaudido por uns 15 minutos ao final da sessão. O conhecido ator Vincent Lindon (de Bem-vindo e Mademoiselle Chambon) divide a cena com o ator e diretor Alan Cavalier. PATER é um exercício de cinema onde temos um pai e um filho (ou serão amigos que se passam por pai e filho?) brincando de filmar, com pequenas e ágeis câmeras digitais, assumindo personagens, como um deles sendo o presidente da França em final de mandato e o outro um primeiro ministro convidado a ser o próximo presidente. Entre detalhes cotidianos de bastidores, como que roupa usar, a discussões interessantes sobre política e poder, o filme é um experimento leve, intimista, às vezes divertido quando, por exemplo, Vincent Lindon diz que, se eleito presidente, qualquer político que roubar um único Euro do dinheiro público será severamente punido com cadeia, algo que no contexto do Brasil vira uma piada pronta. O filme segue seu formato de invenção moderna, parecendo ser um making of ou um documentário ou ficção, num jogo de cena sobre representações e aparências - que é a realidade/falsidade da vida política - e que remete em muitos momentos ao trabalho do nosso Eduardo Coutinho (que está na Mostra SP com seu novo As Canções). Longe de merecer empolgados aplausos ao final, na sessão em que vi o filme muitos saíram na metade, talvez impacientes com a proposta de PATER ou ao certo com a longa duração do filme que, por quase duas horas, torna-se realmente cansativo. Recomendado como uma curiosidade cinéfila, em especial para quem faz cinema.

por Fernando Vasconcelos

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