terça-feira, 1 de novembro de 2011

Repetição vintage


Sang-soo Hong, premiado diretor coreano, chama atenção na Mostra com o interessante THE DAY HE ARRIVES (Book Chon Bang Hyang | Coréia do Sul | 2011). Difícil classificar o filme, e isso é uma de suas qualidades. A pessoa a quem o título se refere é Sang-Joon, cineasta que trabalha numa universidade provinciana como professor e viaja à uma fria Seoul para passar três dias. Ele reencontra sua ex-namorada e seu mentor, o crítico de cinema Young-Ho, a fim de resolver antigas pendências. Nesse meio tempo, vai à bares e restaurantes para beber, comer e beber mais um pouco. Por três dias que parecem os mesmos, as histórias quase que se repetem. Ele encontra as mesmas pessoas, vai aos mesmos bares, tem conversas parecidas. Mas a cada dia, as situações ganham novos contornos. Essa espécie de marmota que é o conceito do filme, é responsável por ótimos insights sobre as relações fraternas e românticas e também define o humor de fácil identificação proporcionado pelas histórias intimistas. Ao mesmo tempo, a repetição chega a cansar em certos momentos. O experimentalismo se sustenta por causa da leveza da direção de Hong, da estética vintage com fotografia em preto-e-branco e vários zoons-in e zoons-out e do carisma dos atores, que garantem uma sessão agradável e curiosa. A amargura e a melancolia que compõem as entrelinhas são bônus que enriquecem o filme. Charmoso.

por Filipe Marcena

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