segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Indielândia britânica


SUBMARINO (Submarine | Reino Unido | 2011) é mais um rebento daquele cinema independente que acredita piamente que, se tiver um roteiro espertinho, personagens anti-heróis cuidadosamente fofinhos para não chocar ninguém e visual estiloso com design de produção beirando o kitsch, ele é automaticamente um filme cult. Bom, se depender de filmes como esse o termo cult vai ganhar de uma vez por todas um contorno pejorativo. Dirigido pelo iniciante Richard Ayoade, SUBMARINO traça caminhos que lembram as adaptações de Nick Hornby. É adaptado no livro cheio de referências pop de Joe Dunthorne, lida com amadurecimento, apresenta um foco incisivo na juventude (de corpo e/ou de espírito). Conta a história de Oliver Tate (Craig Roberts, idêntico a um jovem John Cusack) , rapazinho inteligente e metido a besta dos anos 80 que quer perder a virgindade com Jordana Bevan (Yasmin Paige), uma insuportável garotinha pseudo-rebelde. Através de sua invasiva narração, entramos na mente sagaz do jovem que raramente pára a boca. Entre um devaneio e um bullying na escola, seus pais (Sally Hawkins e Noah Taylor) naufragam com o casamento, principalmente após a chegada de um vizinho estranho (Paddy Considine), dividindo o filme entre o núcleo romântico cheios de cenas meigas e o da investigação da vida do vizinho. A embalagem pop coloridinha com montagem frenética over anulou de vez qualquer simpatia que eu jamais poderia ter pelos irritantes personagens, e quando o filme se acalma no final já é tarde demais. Pessoal parece que aprendeu muito bem a técnica, mas esqueceu do básico, que é a contar bem uma história independente das firulas. O pior é ver um grupo de atores experientes tão bons desperdiçados em papéis que são desinteressantes até para o próprio filme. Que essa onda de filmes pseudo-fofos evanesça.

por Filipe Marcena

Nenhum comentário: