Dividido em três partes distintas em sua longa duração (2h23min), o filme abre com uma apresentação rápida para situar os conflitos raciais que chegaram aos motins históricos na cidade em 1967. O escopo é amplo e fez uma cobertura "jornalística" dos fatos, com algumas imagens reais e uma reconstituição eletrizante, onde vários personagens começam a se definir. O filme cresce quando foca numa noite de terror no Motel Algiers, quando a polícia cercou e atacou violentamente civis, na sua quase totalidade negros, que se divertiam com bebidas, drogas e sexo no local, pela suspeita de um possível atirador no hotel. Uma tragédia tomou conta do local, com agressão, violência e brutalidade racista de policiais "de bem" contra homens e mulheres indefesos (a maneira como os policiais racistas reagem à duas garotas brancas que estavam com os rapazes negros é angustiante), resultando em 3 homens negros mortos. Toda essa sequência é levada com maestria em tensão, domínio espacial interno e externo do motel e um elenco excelente, sendo o nome mais conhecido John Boyega (de Star Wars). A terceira parte é o inevitável processo nos tribunais, onde o filme se alonga e dá destaque dramático pouco relevante para a trajetória do jovem músico (Algee Smith) que sobreviveu ao massacre no motel. O filme, claro, está interessado mais em pensar os EUA hoje do que contar o fato histórico e, dado que muito pouca coisa mudou nos últimos 50 anos no tema do filme, vale demais ver.
Cotação: MUITO BOM
Visto no UCI Recife
por Fernando Vasconcelos
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